terça-feira, 24 de julho de 2018

Audio, Educação e Confusões



Uma das consequências do uso de meios digitais para a educação dos canários timbrados é a distribuição indiscriminada de audios, motivado principalmente pela naturalidade com que isto se faz com qualquer tipo de material digital e porque a maior parte dos que distribuem não são os criadores do material que distribuem pelo que não há sentimento de culpa algum, pelo contrário, para eles tudo está plenamente justificado, em alguns casos com a desculpa de ajudar os outros . Longe de querer entrar neste áspero assunto  para evitar ferir susceptibilidades desnecessariamente, e por isso até aqui deixo-o como introdução.

O fácil acesso a muitos audios ou giros/gorjeios por parte de uma grande base dos aficionados por um lado tem ocasionado que muitos aficionados, em especial os que começam os usem sem realmente entender a cabalidade que estão usando como modelo de educação para os seus canários.

O autor está de acordo em proporcionar uma base para o começo, para incentivar o crescimento do  passatempo e um nível mínimo de competitividade, e com este propósito neste mesmo blog facilita-se a descarga de dois audios, mas isto é muito diferente da distribuição indiscriminada e massiva de todo material que se obtenha de qualquer fonte. Esta base deve ser trabalhada com a orientação que cada criador lhe queira dar.

Ironicamente, um bom audio, com a combinação e com uma boa genética (i.e. canários seleccionados por capacidade para a aprendizagem), pode obter algum criador para fazer alguns prémios sem querer conhecer conhecer o código de canto (que não consiste unicamente, de passo em identificar todos os giros/gorjeios).

Por um lado, encontraremos aficionados satisfeitos com os resultados obtidos e por outro lado outros frustrados pelas pontuações alcançadas pelos seus exemplares, alguns ainda que ainda "partindo a cabeça" para explicar-se o motivo.




Um bom audio é o ponto de partida e nesse sentido deve estar correctamente adaptado na capacidade de aprendizagem do seus exemplares, pode fazer mas hacerlo mais patente, um audio que pode funcionar às mil maravilhas num canaril pode fazer mediocremente em outros ou pior ainda pode causar estragos.

Uma das maneiras de garantir a adaptabilidade é na selecção dos exemplares pela sua capacidade de aprendizagem tratando na medida do possivel, claro está, de não trocar radicalmente a estrutura do audio e minimizar na variabilidade dos giros/gorjeios que o compõem.

A impaciência e o desespero por obter prémios ocasiona em trocas radicais no audio, ainda que si entender suas consequências, e na introdução de exemplares a direita e esquerda para atingir o tom no ano seguinte. o autor reserva-se a opinião sobre esta maneira de proceder, no imediato e o facilitismo predominam sobre as virtudes principais dos canaricultores; a paciência e o trabalho. Os prémios devem ser uma consequência do trabalho e não o produto de um atalho ao produto final, e que, obtendo desta forma, é de natureza efémera e volátil.


Infelizmente a comercialização de exemplares está associada ao resultado nos concursos e já sabeis o resto da historia.

Todos temos que vender ou oferecer exemplares ao final de cada temporada por um tema de capacidade de manejo, mas uma coisa muito distinta é essa, em contraposição na necessidade imperiosa para alcançar uma ficha decente ou um prémio para melhorar um melhor preço de venda.

Difícil é competir em alguma disciplina sem compreender o cabal do regulamento que regula , é como jogar ao futebol só dando pontapés na bola com o objectivo de mete-la na baliza contraria, sí, esse é o principio básico, mas para poder jogar correctamente deves saber que é um “fora de jogo”, um penalti ou uma mão.

Igual sucede com tudo e a canaricultura de canto não é a excepção, se não se conhece o código de canto cometem-se erros, alguns em termos de composição outros em termos de estrutura e interpretação.

Um dos erros mais comuns, sobre tudo para aqueles que começam é a confusão entre giros/gorjeios e cito os mais comuns.

1.-Confundir floreios lentos com floreios, sendo os primeiros de natureza descontinua e os primeiros semi-continua. É o ritmo de emissão o que os diferencia. Os audios geralmente estão mais orientados para os Floreios lentos que para os Floreios, e o aficionado tende erroneamente a pensar que uma boa qualificação em Floreios Lentos gera uma equivalente em Floreios.

2.- Floreios Lentos com Cascavel: o som da cascavel deve apreciar-se claramente, o do Floreio normalmente ser o esforço de tratar de imitar uma nota que é um pouco “antipática” para alguns aficionados já que geralmente degenerar-se facilmente com o "cio" e está muito correlacionada com o timbre metálico sendo a excepção aqueles exemplares que possuem em cascavel e não em timbre metálico. 
Por outro lado, a posição de pico e seu movimento na emissão da Cascavel são uma ajuda visual infalível.

3.- Há execuções deficientes, boas e muito boas: o feito que um exemplar execute um giro/gorjeio não significa que tem uma pontuação de forma automática, há que avaliar COMO ou executa, tem cloqueios francamente maus, outros bons e outros muito bons, é por isso que há uma escala para qualificar cada giro/gorjeio, isto pareceria ser ignorado por alguns aficionados. A dicção é muito importante para a avaliação do giro/gorjeio, ao igual quando uma pessoa fala não é o mesmo que pronuncie uma palavra de forma devida ou que a encurta incorrectamente, certamente entenderemos o que digo, ainda não o disser correctamente, mas não por isso podemos dar-lhe a mesma valorização.

4.- O audio é a ficha, uma ficha deficiente limitará os resultados:
Se o audio contem defeitos, é muito possível muito possível que os exemplares que aprendam dele também isso.
De igual maneira se o audio só contem certos giros/gorjeios, é muito provável que os gorjeios dos nossos exemplares se circunscrevam a eles, se este é a sua única fonte de aprendizagem.

Outras virtudes necessárias e desejadas, dependem mais das capacidades genéticas dos exemplares que da sua disposição no audio objectivo, todos aqueles criadores que tem já educando com audio sabem de sobra que cada exemplar interpreta e executa a sua maneira o material de aprendizagem e um dos aspectos que mais se valorizam é a qualidade dos exemplares.

Um exemplar mal acasalado entre dois giros/gorjeios diferente podem gerar uma falta na hora da execução. A capacidade de improvisação é também uma característica notória dos bons exemplares, i.e. começar a execução do repertório de uma maneira distinta em cada ocasião como normalmente fazem alguns exemplares.

Desafortunadamente para los detractores dos sistemas de educação os exemplares educados NÃO SÃO IGUAIS, todo o contrário, existem muitas diferenças entre cada exemplar como bem sabemos os que usamos esta metodologia. Agora bem, não desaproveitemos a oportunidade de imprimir o nosso toque pessoal e distintivo a nosso audio objectivo, porque, ¿Que mérito tem usar o trabalho de outro? Nenhum.

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- Crias canários? - ¡Que raro és jovem! - Mas porque fazes?  Coleccionas? –

Devo reconhecer que, antes estas perguntas, salvo contadas excepções, a minha paciência esgota-se em forma exponencial. Tudo isto, claro está, depois de ter tratado de responde-las, no passado, da maneira mais didáctica possível a fim de incorporar algum aficionado mais a las filas da ornitologia desportiva e em particular as do canário timbrado. Depois da cara estupefacta do nosso interlocutor, que demonstra um desconhecimento absoluto da paixão da ornitologia, sucede-se a típica pergunta de quantos tens e se estão todos juntos ou algo parecido.

E em última instância,olham-te, como se de um louco se trata,e possivelmente despedem-se com uma palmadita no ombro e umas palavras suspiradas a título de murmúrio:

- Que bem jovem, não tinha nem ideia que existe esse passatempo – Uma vez  afastam-se em busca de outra pessoa para conversar além dos seus temas  quotidianos.
Possivelmente, a partir de aí te convertas e num bicho raro e em qualquer conversação donde intervenha  o nosso surpreendido interlocutor inicial normalmente salta ou :

- Ah não sabes qual é o passatempo deste? 
Cria canários e treina-os que cantem raro . ¡Não pode ser! – 
salta o outro - e como é isso? - e ai vamos como no monopólio quando cais na famosa "casa" VÁ DIRECTAMENTE PARA A PRISÃO. Entende-se um pouco da opressão?

E é que se não é outro que disse que o seu avozinho criava uns canários fabulosos ou que tem um colega no metro que é campeão ou tem umas pombas com a la cola rara, e com isso vais um pouco mais salvo, para eles não és um psicopata, senão que pertences a um clube de loucos.
E de novo o autor sente-se como Bill Murray quando soa o despertador no “el día de la marmota” (um filme  que ninguém deveria perder).

O certo do caso é que a paixão pela canaricultura desportiva se mesma paulatinamente por diferentes factores, e comento alguns:

Disponibilidade de espaço (-): O autor é um dos poucos que quando vai num carro vendo edifícios  fixo-me particularmente nas varandas e vou tratando de estabelecer a sua potencialidade como possíveis aviários. irracional?

Pode ser, não sei se é paixão ou já há  rasgos de fanatismo.
Faz uns anos a paixão pela criação de aves era muito mais comum e não soava a ser estranha à  maioria das pessoas, a migração da população rural a las grandes cidades junto com a redução, em alguns casos minimalista, da superfície dos apartamentos que constituem-se em um desafio para um desafio  para os criadores de aves e em particular a dos canários de canto.

Não se trata só de encontrar um espaço milagrosamente, além disso terá que contar com o consentimento do teu conjugue, além que há que contar com que nenhum membro da comunidade que vive no teu piso ponha uma queixa pela contaminação sonora que as tuas aves ou teu sistema de educação (se aplica) produzam.
Que dizer da utópica necessidade de dispor de três espaços: criação, adultos e educação(ou não educação).
A disponibilidade de espaços, sem duvida, uma condição crítica, necessária mas não suficiente.

Falta de divulgação (+): Ainda quando em termos gerais, a divulgação tem sido um dos aspectos que tem evoluído positivamente, pela grande potencialidade que encerra. A divulgação da  paixão que se tem constituído um autêntico salva-vidas, não só da canaricultura desportiva senão de muitas outras paixões ou passatempos.

As publicações em blogs ou em diferentes instâncias de redes sociais como Facebook, YouTube, WhatsApp, Instagram e muitas outras, permitem-lhes a outros aficionados desde qualquer lado do mundo compartir experiências em forma de multimédia em forma quase instantânea, é assim como os interessados conhecem os resultados de qualquer concurso, fotografias ou vídeos dos eventos ou ler algum artigo de algum entendido sobre algum tema de interesse.

No passado, ter acesso, na profundidade e amplitude de recursos, da forma em que se dispõe actualmente era impossível, apenas alguns artigos em revistas unicamente disponíveis “no papel” (analógicas, seria ou  término “respectivo” actual) e algum que outro livro eram os meios disponíveis para que o interessado criador aprofunda sobre seu gosto em particular.
O foco da divulgação mediante as redes sociais foca-se numa audiência cativa ou a grupos de aficionados que ao menos mostram interesse no tema, mas não na audiência potencial, e esta é a  forma de fazer crescer o "passatempo".

Neste sentido, a divulgação mediante reportagens televisivas e notas de imprensa que servem para despertar o interesse das pessoas com interesse potencial mas carentes da iniciativa ou dos meios para começar com o passatempo.
Outro médio de alto potencial, mas em menos preço por sociedades e aficionados é a exibição de exemplares nos concursos. 

Desafortunadamente a exibição é uma prática em desuso, os aficionados sempre andam com pressas e a duras penas levam seus exemplares a concorrer e os retiram apenas terminam de ser julgados, este pragmatismo permite suster a participação do passatempo existente mas fraco favor para o futuro.
Quem não se recorda no passado os aficionados com as mãos entrelaçadas fazia atrás, observando e escutando os exemplares premiados e fazendo perguntas sobre as suas virtudes canoras, talvez a não exibição nos concursos careça de aplicabilidade em concursos de baixa participação, mas sim naqueles de renome e com alta afluência de criadores.





Claridade Conceptual
Um dos principais  propulsores de qualquer passatempo é a clarificação de objectivos que se persegue e que ao fim ao cabo o sentido de competitividade entre os aficionados.
O desconhecimento do código ainda por parte dos novos aficionados e outros não tão novos conduz a desacertos na condução dos aviários que ultimamente incidem no fracasso nos concursos. 

Os poucos aficionados que se incorporam no passatempo, eles geralmente vão pela mão de amigos e colegas cujas tendências e conhecimentos condicionam o principiante numa determinada direcção, situação que só muda se produzir uma evolução na compreensão da canaricultura de canto e o concede espaço, a sua vez, a seus gostos pessoais.
Nos aspectos positivos, a realização de workshops e conferências que divulgam e contribuem no esclarecimento de conceitos básicos do passatempo.
Em traços gerais, a claridade conceptual na canicultura de canto continua sendo uma assinatura pendente.



Divide e Perderás: desde muito antes de seu reconhecimento como raça, o canário timbrado espanhol (e todos os nomes que o queiramos colocar para dizer que isto é outra coisa) tem sido objecto de acesas polémicas e sistemáticas desqualificações pelos aficionados pertencentes às diferentes tendências.

Nunca houve pleno acordos e sempre algum experiente tornou e politizou o passatempo para fins narcisistas ou de protagonismo pessoal.
Esta permanente e  fonte esgotadora de desacordos em torno do timbrado espanhol tem mudado muitos aficionados que preferem evitar a polémica permanente e a intolerância dos seus protagonistas em favor da tendência da sua preferência.

Pode-se falar de outros aspectos que influem positivamente como bastião de um nutrido sector deste passatempo como o é na difusão e o acesso aos sistemas digitais de educação,contudo, em termos gerais a amplitude de opções, a falta de claridade e a falta de uma visão comum nos métodos e no objectivo final (apesar da negação de alguns) são factores de bloqueio importante para o crescimento desta paixão.

Talvez na situação actual seja o produto da constante exacerbar pela evolução e não na busca do perfeccionismo do já claramente definido, tudo isto claro está, ocultando um individualismo pouco favorável ao colectivo do passatempo.

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Canarios timbrado floreado